Impulsionada pelos juros elevados, a Dívida Pública Federal (DPF) superou R$ 7 trilhões em outubro, atingindo R$ 7,073 trilhões, um crescimento de 1,8% em relação a setembro. A última vez que esse patamar havia sido alcançado foi em agosto.
A alta mantém a dívida dentro das metas do Plano Anual de Financiamento (PAF), que prevê o estoque entre R$ 7 trilhões e R$ 7,4 trilhões até o fim de 2024. Sendo assim, a elevação foi puxada por juros acumulados e pela emissão de novos títulos.
Juros e dólar pressionaram aumento da dívida pública federal
O cenário de juros elevados teve impacto na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi), que subiu 1,62%, alcançando R$ 6.748 trilhões. A emissão líquida de R$ 42,5 bilhões em títulos, especialmente atrelados à taxa Selic, foi o principal fator para essa alta.
Já a Dívida Pública Federal Externa (DPFe) registrou aumento de 5,82%, totalizando R$ 325,22 bilhões. A valorização de 6,05% do dólar foi determinante para a elevação, refletindo tanto o cenário econômico global quanto as incertezas relacionadas às decisões financeiras nos Estados Unidos.
Composição da dívida: Selic em destaque
A demanda por papéis corrigidos pela Selic aumentou, elevando sua participação na DPF de 45,33% para 45,91%. Esses títulos oferecem maior segurança em um cenário de instabilidade e juros altos.
Por outro lado, os títulos prefixados, que oferecem rendimento fixo, caíram de 23,01% para 22,19%. A instabilidade econômica impede a demanda por esses papéis, que é mais sensível às flutuações do mercado.
Já parcela de títulos atrelados à inflação teve um crescimento, subindo de 27,25% para 27,31%. A valorização do dólar também elevou o peso da dívida vinculada à moeda estrangeira, que passou de 4,41% para 4,58%.
Reserva financeira e gestão de riscos
O colchão da dívida pública, usado para lidar com vencimentos elevados ou turbulências no mercado, subiu para R$ 822 bilhões em outubro. Esse valor cobre 6,86 meses de vencimentos, garantindo maior segurança ao Tesouro.
O prazo médio da dívida caiu, de 4,18 para 4,16 anos, diminuindo que o governo tem dívidas refinanciadas em prazos menores, possivelmente para se ajustar às condições de mercado.
Dívida Pública Federal: perspectivas para 2024
O Tesouro Nacional projetou que a dívida encerrará 2024 dentro dos limites estabelecidos, mas o cenário de juros altos e a incerteza cambial continuarão desafiadoras. Estratégias de diversificação e monitoramento constante do mercado serão importantes para garantir o equilíbrio fiscal e atratividade dos investidores.