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Crise política no Brasil: um sistema sem rumo e sem líderes

A crise política no Brasil aumenta, mostrando um sistema desorganizado. Com um Congresso dividido, a governabilidade enfrenta desafios. Neste artigo, Jackson Pereira Jr analisa como a crise afeta o governo Lula e sugere caminhos para recuperar a confiança da população. Veja como a desordem política ameaça o futuro do país.
Imagem do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional sob um céu nublado, representando a crise política no Brasil. No topo da cúpula do Congresso, peças de xadrez flutuam no ar, simbolizando a instabilidade e o jogo de poder entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
Como representantes do povo, os parlamentares têm duas atribuições principais, estabelecidas na Constituição: legislar e fiscalizar. (Artigo de opinião por Jackson Pereira Jr.)

A crise política no Brasil se agravou nos últimos anos, criando um sistema desorganizado, sem lideranças claras e movido por interesses particulares. A governabilidade enfrenta desafios em um Congresso fragmentado, onde acordos políticos se sobrepõem à elaboração de políticas públicas. Enquanto isso, o papel dos parlamentares e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido questionado, com congressistas cada vez mais focados em emendas e negociações e um Judiciário que, em diversas ocasiões, tem interferido diretamente nas decisões políticas. Neste artigo, analisaremos como essa desordem compromete o funcionamento dos Três Poderes e os impactos dessa crise para o futuro do país.

O enfraquecimento dos partidos e a crise de liderança

No passado, os presidentes dos partidos eram verdadeiros líderes, figuras que opinavam sobre as grandes questões do país e influenciavam diretamente os rumos da política. Atualmente, os partidos funcionam como empresas, e seus dirigentes limitam suas ações a negociações internas. Por isso, a representatividade política enfraquece cada vez mais. Consequentemente, afastam-se do debate público e enfraquecem a transparência política.

Imagem com a logo dos partidos em atuação na política brasileira.
Não lembro a última vez que o presidente de um desses partidos demosntrou liderança para debater assuntos de interesse nacional.

Um exemplo recente foi a reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Esses encontros acontecem longe dos olhos do público e da militância, mostrando que os partidos perderam sua identidade e passaram a representar apenas os interesses escusos de seus caciques. Essa realidade não se restringe à esfera federal, mas se repete nos níveis estadual e municipal, consolidando um sistema político baseado em trocas de favores e vantagens pessoais.

O cenário da crise política no Brasil mudou e exige um governo mais eficiente na articulação entre diferentes setores, desafio ainda não superado. Hoje, os partidos políticos perderam força e identidade, dando lugar a uma grande fragmentação. O que antes eram legendas com projetos e ideologias, hoje são agrupamentos guiados por interesses próprios, sem compromisso com uma agenda clara para o país.

Essa fragmentação intensifica a crise política no Brasil, pois dificulta a articulação entre os parlamentares, impede os avanços necessários e transforma o Congresso em um espaço onde interesses particulares frequentemente se sobrepõem ao desenvolvimento de políticas públicas. Além disso, compromete a governabilidade no Brasil, onde o governo precisa negociar com diversos partidos, cada um buscando sua fatia do orçamento. Como resultado, a eficiência administrativa é prejudicada e a liderança do Executivo enfraquecida.

O impacto das emendas na crise política no Brasil

Além do enfraquecimento dos partidos, outro fenômeno tem alterado a dinâmica do poder no Brasil: a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) como legislador. A Suprema Corte tem assumido um papel que, em tese, não lhe cabe. Dessa forma, muitas vezes acaba legislando no lugar do Congresso. Isso acontece devido à prevaricação da Câmara e do Senado , que se omitem diante de temas polêmicos e evitam legislar sobre questões sensíveis.

Essa interferência judicial compromete o debate democrático no Legislativo. Assim, transfere o poder de decisão aos ministros do STF, que não possuem mandato eletivo. Assim, esse fenômeno agrava ainda mais a crise de representatividade e a fragilidade da governabilidade no país.

O passado e a mudança na atuação parlamentar

No passado, o cenário político era diferente. Meu pai foi deputado federal pelo PSDB no Ceará e faleceu aos 48 anos, em seu segundo mandato. Naquela época, como até hoje, as duas atribuições principais de um parlamentar, estabelecidas na Constituição, são legislar e fiscalizar. Não existiam as milionárias Verbas de Desempenho Parlamentar (VDP), nem mecanismos como orçamento secreto, verba PIX ou emendas impositivas.

Seus trabalhos legislativos incluíram propostas de grande impacto nacional, como a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), o seguro-desemprego para pescadores e a obrigatoriedade de cheques nominais para garantir maior transparência financeira. Ele também participou da CPI do PC Farias, que resultou na queda do então presidente Fernando Collor. Foi nessa investigação que ele identificou o famoso cheque fantasma do PC, peça-chave para comprovar a compra do Fiat Elba usado por Collor, que se tornou um dos símbolos do impeachment.

Confira vídeo com entrevista do meu saudoso pai, deputado Jackson Pereira, ao Jô Soares, sobre os bastidores da CPI do PC.

Hoje, a política perdeu seu caráter legislador e fiscalizador. O que existe é um sistema onde os parlamentares são movidos por interesses financeiros e barganhas políticas, em detrimento da criação de leis eficientes e da fiscalização do governo.

Lógico que não posso generalizar, mas são raras as exceções.

O abuso das emendas e a crise política no Brasil

As verbas do orçamento deram aos congressistas um poder financeiro gigantesco, sem transparência e com pouco ou nenhum controle. Como resultado, criou-se um sistema em que as decisões não são tomadas com base no que é melhor para o país, mas sim no que atende aos interesses individuais de grupos políticos.

Casos de desvios dessas verbas, incluindo o chamado “orçamento secreto”, já começaram a ser investigados em vários estados. No Ceará, por exemplo, um deputado federal está sob investigação por envolvimento em desvios que atingem mais de 50 prefeituras.

A crise política no Brasil e os desafios do governo Lula

Dentro desse contexto de desorganização política, o governo Lula sofre com a falta de sustentação no Congresso. Sua popularidade caiu de 35% para 24% em apenas dois meses, segundo a pesquisa Datafolha de fevereiro de 2025. A crise econômica, a inflação e a falta de articulação política tornaram sua governabilidade ainda mais desafiadora.

A pesquisa também mostra que a popularidade de Lula caiu principalmente entre eleitores que votaram nele em 2022. No Nordeste, uma das regiões que tradicionalmente o apoiam, a insatisfação tem crescido, reforçando o impacto da crise política. Além disso, políticos da chamada ‘frente ampla’, que apoiaram Lula nas eleições, estão insatisfeitos.

Fontes do Planalto indicam que ministros como Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) estão sob pressão por possíveis mudanças na equipe ministerial. Parte dos aliados acredita que essas trocas podem melhorar a imagem do governo e conter a queda na popularidade de Lula. No setor produtivo, há insatisfação com a condução da economia, e muitos empresários veem uma possível saída de Haddad como um sinal positivo para o mercado.

A crise política no Brasil faz parte de um fenômeno global?

A desorganização política não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Em diversos países, observa-se um enfraquecimento dos partidos tradicionais e uma polarização crescente, que impede qualquer construção de consenso. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Congresso enfrenta dificuldades em aprovar medidas básicas devido à divisão extrema entre democratas e republicanos.

Na Europa, governos de coalizão se tornam cada vez mais instáveis, com eleições resultando em impasses políticos e dificuldade na implementação de reformas. O padrão que se repete em vários países mostra que o modelo democrático enfrenta um desafio global: como garantir governabilidade em um ambiente tão fragmentado?

O futuro da crise política no Brasil e o papel dos Três Poderes

O atual cenário de crise política no Brasil exige uma reorganização nos Três Poderes para restabelecer equilíbrio e garantir um funcionamento mais eficiente do sistema político. O Executivo deve retomar sua capacidade de governar com eficiência, o Legislativo precisa atuar com independência e transparência, e o Judiciário deve se manter dentro dos limites de sua competência constitucional, evitando interferências excessivas em decisões políticas. Portanto, o governo federal deve assumir a liderança na formulação de políticas públicas eficazes e promover estabilidade econômica, restaurando assim a confiança do mercado e da população. Por isso, o Congresso Nacional deve resgatar sua função primordial de legislar e fiscalizar, evitando ser refém do orçamento secreto e das emendas parlamentares, frequentemente utilizadas como moeda de troca em negociações políticas.

O impacto da crise política no Brasil sobre o governo Lula

Dessa maneira, para restaurar a governabilidade e reverter a queda de popularidade em meio à crise política no Brasil, o governo Lula precisa agir rapidamente. Assim, poderá garantir estabilidade para sua gestão e fortalecer suas alianças políticas. O governo precisa melhorar sua comunicação, tornar suas decisões mais transparentes e buscar formas de reestruturar seu apoio político de forma mais consistente. Medidas concretas para conter a inflação e dar mais previsibilidade à economia são fundamentais para recuperar a confiança dos eleitores.

Caso não reavalie sua estratégia política e econômica, o governo poderá enfrentar um desgaste contínuo. Como resultado, sua governabilidade será comprometida, reduzindo suas chances de manter apoio nas próximas eleições.

Aqui deixo um desafio aos deputados e senadores do nosso querido Brasil: quem será o primeiro a divulgar publicamente que abre mão de indicar ou atuar em qualquer tipo de emenda ao orçamento?

*Artigo de Opinião Por Jackson Pereira Jr., empreendedor e CEO do BNTI e da Rede Participar Brasil.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal.

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