Os Estados Unidos anunciaram uma tarifa adicional de 50% sobre as exportações brasileiras de autopeças, medida que tende a causar mais prejuízos às montadoras instaladas no território norte-americano do que à indústria brasileira. A avaliação é de Ranieri Leitão, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos (Sincopeças Brasil).
Exportações brasileiras de autopeças têm efeito limitado no mercado interno
Segundo Leitão, o impacto imediato das novas tarifas será limitado no mercado nacional.
“Em nosso entender, o impacto talvez seja maior para as montadoras americanas que dependem diretamente dos fornecedores brasileiros. No Brasil, não enxergamos alterações relevantes no processo produtivo automotivo”, afirmou em coletiva à imprensa.
Atualmente, o Brasil exporta US$ 2,2 bilhões em autopeças para os Estados Unidos e importa US$ 1,3 bilhão, o que resulta em saldo positivo para o setor em 2024. Apesar disso, o comércio bilateral registra déficit histórico para o Brasil desde 2009.
Exportações brasileiras de autopeças são específicas para veículos americanos
Por isso, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) informou, em comunicado oficial, que os fabricantes brasileiros desenvolvem grande parte das autopeças com exclusividade para montadoras americanas, o que inviabiliza o redirecionamento desses produtos para outros mercados internacionais.
“Precisamos aguardar detalhes da legislação norte-americana para avaliar corretamente o impacto. No entanto, é evidente que uma taxação excessiva gera prejuízos generalizados, afetando negativamente as relações comerciais Brasil-EUA e fragilizando a cadeia produtiva automotiva”, ressaltou o comunicado do Sindipeças.
Exportações brasileiras de autopeças e o risco da taxação excessiva
Embora o mercado interno de autopeças do Brasil atenda majoritariamente à indústria automotiva local, o setor alerta para os riscos de uma escalada protecionista. Tarifas elevadas dificultam negociações comerciais futuras e afastam investimentos estrangeiros no país.
Para Leitão, medidas como essa tendem a criar insegurança e instabilidade no comércio automotivo global. “Qualquer taxação exagerada prejudica todos os envolvidos, aumentando custos operacionais e enfraquecendo a competitividade internacional”, concluiu.