A guerra dos apps de delivery ganhou tração nas últimas semanas com decisões judiciais que redesenharam o ambiente competitivo e com relatos de restaurantes que afirmam ter perdido faturamento após encerrar contratos de exclusividade.
O movimento ocorre em meio ao aumento na atuação de serviços existentes, como o 99foods e avanço de rivais internacionais, como Keeta; tudo unido à pressão por espaço dentro dos aplicativos, espaço esse controlado em grande parte pelo Ifood. Tais elementos são apenas algumas das razões que constituem uma verdadeira guerra entre os aplicativos, com direito a alegações de espionagem e ações judiciais.
Como começou a guerra entre os apps de delivery
A atual crise dos apps de delivery tem raízes em 2023, quando questionamentos sobre práticas de exclusividade passaram a ganhar força no setor. Pressões de restaurantes e investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) expuseram o peso que contratos diferenciados tinham na entrada de novos concorrentes. A situação, porém, se intensificou este ano com a chegada da chinesa Keeta e a retomada da 99Food, ambas dispostas a investir bilhões para crescer rapidamente no mercado brasileiro.
Esse aumento de competição desencadeou disputas pela assinatura de restaurantes estratégicos e, segundo proprietários, ampliou a dependência de visibilidade nas plataformas. Foi nesse ambiente que diversos estabelecimentos relataram queda brusca no volume de pedidos após romperem exclusividade, atribuindo o impacto à perda de posição na interface do iFood, algo que a empresa rejeita.
Embate entre apps de delivery passa pela Justiça
A crise ganhou novo estágio quando a Keeta acionou a Justiça contra a 99Food, alegando que cláusulas contratuais da rival restringiam sua entrada em diferentes regiões. O Tribunal de Justiça de São Paulo chegou a anular parte desses dispositivos, mas restabeleceu sua validade enquanto analisa o mérito da ação. O vaivém jurídico ampliou a incerteza sobre o modelo de expansão das plataformas.
A disputa se agravou após a Keeta relatar visitas suspeitas a restaurantes feitas por mulheres que teriam se apresentado como representantes do aplicativo. Segundo o relato, elas acessaram computadores e fotografaram telas internas. A 99Food negou envolvimento e moveu sua própria ação, acusando a concorrente de uso semelhante de identidade visual e práticas de concorrência desleal. Diante da escalada, o Cade intensificou o acompanhamento do setor.
Efeitos diretos provocados pela disputa
O avanço da disputa dos apps de delivery afeta três grupos centrais:
- Restaurantes: lidam com volatilidade no faturamento quando a exposição muda ou quando deixam de atuar com contratos exclusivos.
- Entregadores: percebem alteração nas rotas, no volume de pedidos e na remuneração conforme cada plataforma ajusta sua estratégia.
- Consumidores: enfrentam flutuações de preços, prazos e disponibilidade de estabelecimentos, reflexo da reorganização das plataformas.
Com o setor comercial enfrentando volatilidade no fim de ano, uma guerra entre apps de delivery pode impactar o rendimento, especialmente em períodos de férias de fim de ano.
Embate entre apps de delivery e os próximos passos
O embate entre apps de delivery tende a se intensificar à medida que rivais ampliam aportes e aguardam definições judiciais sobre contratos. Analistas apontam que o setor pode caminhar para maior abertura competitiva, com impacto sobre taxas, critérios de visibilidade e modelos de parceria.
Sob supervisão do Cade, a resolução dessas disputas deve moldar os rumos da própria guerra dos apps de delivery. Movimento que, inclusive, já redefine estratégias comerciais e a relação entre aplicativos, restaurantes e consumidores.










