A indústria brasileira registra um modesto aumento de produção em outubro, abaixo das expectativas, revelando desafios econômicos. Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, apesar de um aumento de 0,1% em relação a setembro, e de 1,2% em comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento ficou aquém das projeções da Reuters, que esperava um aumento de 0,3% mensal e 1,3% anual.
André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE, comentou sobre a situação: “A indústria segue andando de lado. É um setor com problemas e dificuldades de superar as perdas do passado.“ De acordo com o IBGE, a indústria ainda está 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,1% abaixo do ponto mais elevado da série histórica, alcançado em maio de 2011.
Os desafios enfrentados pelo setor incluem condições externas adversas, como um crescimento global mais fraco e problemas na China, além de desafios internos, como juros elevados e alto comprometimento da renda das famílias, afetando principalmente o consumo de bens de maior valor agregado.
Apesar do ciclo de afrouxamento monetário que reduziu a taxa Selic de 13,75% para 12,25%, os analistas preveem que a indústria terá resultados fracos até o final do ano. Macedo acrescenta: “Os juros caíram, mas ainda estão elevados. Eles são importantes para a atividade, consumo, crédito, nível de confiança. Ainda tem muito que recuperar nessa indústria nacional”.
No mês de outubro, das 25 atividades investigadas, 14 apresentaram crescimento na produção, com destaque para produtos alimentícios (+1,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+3,7%) e máquinas e equipamentos (+2,4%). Por outro lado, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%) e indústrias extrativas (-1,1%) tiveram os principais impactos negativos.
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, explica: “O mau desempenho dos segmentos que estão ligados à economia internacional explica a maior parcela do porquê houve essa divergência entre as projeções do mercado e o resultado efetivo”. Entre as categorias econômicas, apenas a produção de bens intermediários teve resultado positivo em outubro, com alta de 0,9%.
A contração tanto na fabricação de bens de capital quanto na de bens de consumo, ambos com queda de 1,1% em outubro em comparação com setembro, evidencia os desafios que a indústria brasileira continua enfrentando, mesmo com pequenos sinais de recuperação.