Santa Teresa, no Espírito Santo, não é apenas conhecida por ser a primeira cidade fundada por italianos no Brasil, mas também se destaca como cidade que mais produz vinhos, espumantes e sucos de uva no estado. Esta pequena cidade na Região Serrana capixaba tem chamado a atenção de pesquisadores e viticultores pela qualidade de suas uvas e pela busca constante por inovação e sustentabilidade na viticultura.
A parceria entre produtores locais e institutos de pesquisa tem sido fundamental para impulsionar a produção com qualidade, e dar o título de cidade que mais produz vinhos no estado do Espiríto Santo. Instituições como o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão (Incaper) têm trabalhado lado a lado com os agricultores, introduzindo práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente e promovem a produção de uvas de alta qualidade.
Um dos grandes desafios enfrentados pelos produtores é como ampliar o cultivo de uvas mantendo o equilíbrio ecológico. O doutor em entomologia e professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Lusinerio Prezotti, destaca a importância de se inspirar na biodiversidade das florestas para promover um equilíbrio entre a agricultura e a natureza, melhorando não só a qualidade da uva mas também protegendo o ambiente.
“Imagina a diversidade de relações que existe em uma floresta e, de repente, você tirou aquilo ali e colocou uma cultura ali no meio. Dá um desequilíbrio tremendo“, explicou o doutor em entomologia.
A preocupação com a sustentabilidade se estende à gestão da água. Técnicas precisas de irrigação, orientadas por especialistas Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão (Incaper), garantem que o uso da água seja otimizado, evitando desperdícios e protegendo recursos hídricos.
A transição para o cultivo orgânico em Santa Teresa tem sido facilitada pela assistência de pesquisadores, que orientam produtores na escolha de variedades resistentes e no manejo adequado do solo e da água.
Sergio Spreandio, um dos produtores mais conhecidos de Santa Teresa, relata a evolução da viticultura na região, destacando o papel da modernização e do acesso a novas técnicas de produção no desenvolvimento do setor vinícola local.
“Foi plantio de café, depois começou a entrar os plantios de eucalipto na região. Em seguida, veio o plantio de tomate que a gente trabalhou bastante tempo e chegamos a ser o segundo maior produtor de tomate do estado. Depois, começou a ficar desgastado. Aí um sobrinho meu chegou com a ideia de fazer plantio de frutas. Aí eu comecei com plantio de pêssego, ameixa. Junto, ele falou porque eu não plantava uva também. E aí começamos o plantio de uva em 1997, 1998“, explicou o produtor ao G1, reltando toda a trajetória até ser um dos produtores mais conhecidos da cidade.
Para fortalecer ainda mais a indústria vitivinícola de Santa Teresa, o Ifes planeja expandir suas pesquisas, oferecendo aos produtores a possibilidade de testar novos métodos e blends em um ambiente controlado, sem interromper a produção comercial.
Santa Teresa se consolida como uma referência em viticultura sustentável e inovação agrícola, mostrando que é possível unir tradição, qualidade e respeito ao meio ambiente na produção de vinhos e espumantes. Esta abordagem integrada promete não apenas elevar o padrão da viticultura capixaba, mas também servir de modelo para outras regiões do Brasil e do mundo.