O setor de planos de saúde, após enfrentar dificuldades financeiras devido à pandemia, está revisando suas práticas e regras operacionais para melhor enfrentar a economia atual e futura. Isso inclui a revisão de contratos e regras de acesso a procedimentos médicos, visando evitar práticas consideradas desnecessárias.
Aumento de custos e prejuízos recordes
Os planos de saúde registraram prejuízos operacionais recordes recentemente, com perdas de R$ 11 bilhões em 2022, seguindo para um prejuízo projetado de cerca de R$ 9 bilhões em 2023. Este cenário desafiador foi exacerbado por um aumento nos custos e na demanda por procedimentos eletivos que haviam sido represados durante a pandemia.
Medidas de racionalização nos planos de saúde
Marcos Paulo Novais, superintendente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), destacou a importância de implementar regras mais estritas para evitar exames e tratamentos desnecessários. Segundo ele, esta é uma estratégia vital para lidar com a judicialização crescente do setor e combater fraudes efetivamente, otimizando a alocação de recursos. “Só para dar um exemplo, um exame que é campeão, em volume, é vitamina D. Quer dizer, num país tropical como o nosso Brasil a gente ser campeão em vitamina D, não faz sentido”, aponta o empresário.
Judicialização e fraudes
A necessidade de lidar com a judicialização e as fraudes é uma preocupação constante para os operadores de planos de saúde. Novais mencionou que o setor está trabalhando para atrair usuários mais jovens e saudáveis, como forma de diluir os riscos e estabilizar os custos operacionais. Além disso, há esforços para melhorar a eficiência na gestão de recursos e na prestação de serviços.
“A gente começou a identificar um mesmo atendimento médico sendo solicitado do reembolso em múltiplas operadoras. O implante capilar vira 12 recibos de consulta. Pessoas que começam a fazer um acompanhamento nutricional e começam a ter, de 3 em 3 meses, 50 pedidos de exame ao custo de R$ 25.000. A gente também tem hoje laboratórios que são um CNPJ para poder conseguir fazer reembolsos de R$ 25.000″, aponta Novais para o Poder 360.
Sustentabilidade do setor
Para garantir a sustentabilidade a longo prazo, a Abramge propõe um pacto de cooperação entre diversos agentes do setor, incluindo operadoras e órgãos governamentais. O objetivo é criar um ambiente de saúde mais equilibrado e menos oneroso para o Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo a viabilidade do setor que representa cerca de 6% do PIB nacional.
