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Produção industrial brasileira cai 1,4% em julho de 2024

produção industrial - indústria brasileira
(Imagem de Arquivo/Agência Brasil)
produção industrial - indústria brasileira
(Imagem de Arquivo/Agência Brasil)

A produção industrial brasileira caiu 1,4% em julho, revertendo parte do avanço de 4,3% (revisado) registrado em junho, conforme apontado pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho foi pior do que as expectativas do mercado, que projetavam uma retração de 0,9% para o mês.

Embora o resultado tenha frustrado as previsões, no comparativo anual, a produção industrial apresentou alta de 6,1% frente a julho de 2023. No acumulado de 2024, a indústria registra um crescimento de 3,2%, enquanto nos últimos 12 meses o aumento foi de 2,2%. Com esses números, o setor industrial brasileiro se posiciona 1,4% acima dos níveis observados antes da pandemia, mas ainda 15,5% abaixo do ponto máximo alcançado em maio de 2011.

Setores com maior impacto negativo

A queda na produção foi puxada por dois dos quatro grandes grupos industriais e por sete dos 25 segmentos analisados. Os setores de produtos alimentícios (-3,8%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-3,9%) e indústrias extrativas (-2,4%) foram os que mais contribuíram para o resultado negativo do mês.

André Macedo, gerente da pesquisa, explicou que o recuo em julho se deve ao forte crescimento do mês anterior, impulsionado pela retomada da produção em fábricas afetadas por desastres naturais, especialmente pelas chuvas no Rio Grande do Sul. “Esse movimento de retração está associado, em parte, à alta expressiva de junho, mas também reflete paralisações em importantes plantas industriais”, explicou.

O setor de produtos alimentícios foi o maior responsável pelo declínio. A seca na região Centro-Sul do país afetou diretamente a produção de açúcar, além de prejudicar os volumes de carne bovina e produtos derivados da soja. A menor oferta de álcool, resultante da safra de cana-de-açúcar, reduziu a produção de derivados de petróleo.

Crescimento em outros setores

No entanto, nem todos os setores enfrentaram retração. O segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias teve um forte desempenho, registrando alta de 12%, um crescimento superior ao de 4,8% observado em junho. O setor foi impulsionado pela maior produção de automóveis e autopeças.

Outros setores que se destacaram foram produtos de metal (8,4%), artefatos de couro e calçados (12,1%) e máquinas e equipamentos (4,2%). Esses segmentos ajudaram a suavizar parte das perdas em julho e sinalizam uma recuperação da indústria em alguns nichos.

Perspectivas de retomada

Apesar do resultado de julho, a indústria brasileira mantém sinais de recuperação. O setor de bens de capital avançou 2,5%, enquanto o de bens de consumo duráveis cresceu 9,1%, ampliando os ganhos vistos em junho. Esses números demonstram que, embora a indústria enfrente desafios em determinadas áreas, o cenário de médio prazo pode se beneficiar de uma recuperação gradual.

A projeção para os próximos meses dependerá de uma série de fatores, como a retomada da produção em setores-chave, a recuperação da demanda interna e externa, além de políticas públicas que possam estimular o crescimento industrial. André Macedo destacou que, apesar dos desafios, a comparação com dezembro de 2023 mostra que o setor industrial brasileiro continua em trajetória ascendente.