Eike Batista perdeu a fortuna que o colocou entre os homens mais ricos do mundo. Em 2012, era o brasileiro mais rico e o sétimo do planeta, com patrimônio estimado em US$ 30 bilhões (cerca de R$ 171,4 bilhões), segundo a Forbes. Sua trajetória é marcada por ambição, velocidade nos negócios e uma queda que virou símbolo de colapso empresarial no Brasil.
Filho do ex-presidente da Vale, Eliezer Batista, Eike cresceu cercado por influências do setor mineral e iniciou cedo no mundo dos negócios. Sua história inclui ouro, petróleo, energia, prisões e até um projeto com criptomoeda.
Início nos anos 1980: ouro, mineração e mercado global
A carreira de Eike Batista começou no início dos anos 1980, com a intermediação na venda de ouro e diamantes. Fluente em cinco idiomas, negociava entre garimpeiros da Amazônia e compradores da Europa. Aos 21 anos, criou sua primeira empresa: a Autram Aurem, especializada na comercialização de ouro. Em apenas um ano e meio, acumulou US$ 6 milhões.
Eike implantou a primeira planta aurífera aluvial mecanizada na Amazônia e, aos 29 anos, assumiu a presidência da canadense TVX Gold. A empresa era listada na Bolsa de Toronto e marcou o início do relacionamento de Eike com o mercado de capitais internacional.
De 1980 a 2000, Eike criou US$ 20 bilhões em valor com oito minas de ouro no Brasil e no Canadá, além de uma mina de prata no Chile. Apesar do sucesso, sofreu prejuízos com um projeto na Grécia, barrado pelo governo local. A TVX foi vendida em 2001 por 875 milhões de dólares canadenses para a Kinross Gold, empresa de mineração de ouro com atuação em diversos países, incluindo Brasil, Canadá, Estados Unidos, Chile e Mauritânia.
Ascensão antes de Eike Batista perder a fortuna
Entre 2004 e 2010, Eike criou e abriu o capital de cinco grandes empresas no Brasil: MMX (mineração), MPX (energia), OGX (petróleo), LLX (logística) e OSX (indústria offshore). Para Eike, o “X” representava a multiplicação de riqueza.
Em 2008, Eike tinha US$ 6,6 bilhões e aparecia na posição 142 da Forbes. Um ano depois, subiu para a 61ª posição, tornando-se o homem mais rico do Brasil. Sua capacidade de atrair executivos com participação nos lucros e fechar parcerias ajudou a acelerar seu crescimento.
Eike Batista também desenvolveu projetos em minas como Amapari, Crixás, Casa Berardi, Paracatu e La Coipa. O portfólio incluía ainda três minas de ferro no Brasil: Mina 63, Tico-Tico e Ipê.
Antes de Eike Batista perder a fortuna: sua fase filantrópica
No auge da fortuna, Eike Batista aplicou na filantropia a mesma energia que usava nos negócios. Entre 2006 e 2011, suas doações somaram cerca de R$ 253 milhões, sendo R$ 91 milhões apenas em 2011. Ele declarou à revista Veja Rio:
“Não quero ser apenas está entre os mais rico do Brasil, quero ser também o mais generoso”, comentou na época Eike Batista.
Seus recursos foram destinados aos seguintes projetos:
- Apoio aos parques nacionais dos Lençóis Maranhenses, Fernando de Noronha e Pantanal Mato-Grossense;
- Patrocínio a oito filmes do cinema nacional;
- Doações para a conclusão do Hospital Pro Criança, no Rio de Janeiro;
- Financiamento de unidades da Polícia Militar em comunidades cariocas, durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral, com foco em ações de pacificação.
Como Eike Batista perdeu a fortuna e viu o império ruir
A crise começou em 2013, quando a OGX não cumpriu promessas de produção na Bacia de Campos. Logo depois, Eike Batista deixou de pagar uma dívida de US$ 44,5 milhões. Com isso, entrou em recuperação judicial. O passivo somava US$ 11,2 bilhões. Em apenas um ano, ele perdeu a fortuna que havia construído ao longo de décadas. Em 2014, declarou ter um patrimônio negativo de US$ 1 bilhão.
As demais empresas também enfrentaram dificuldades. A MMX decretou falência em 2021. Para conter os prejuízos, Eike vendeu ativos como a LLX (hoje Prumo) e a MPX (atualmente Eneva).
Da Falência aos Segredos da mente empreendedora de Eike Batista
Confira no vídeo a entrevista com Eike Batista sobre sua trajetória, os erros do passado e os novos planos para voltar ao mundo dos negócios.
Oportunidade perdida com a Tesla de Elon Musk
Em 2010, Eike teve a chance de comprar 20% da Tesla, de Elon Musk, por US$ 600 milhões. A proposta surgiu no momento em que a empresa abria seu capital. No entanto, seus próprios executivos desaconselharam o negócio, alegando que era melhor seguir investindo na exploração de petróleo. Eike acatou a opinião.
Hoje, essa participação valeria cerca de US$ 160 bilhões (aproximadamente de R$ 915 bilhões). O episódio se tornou um símbolo das decisões erradas que contribuíram para o declínio do empresário.
Em uma de suas entrevistas recentes, sorrindo, Eike Batista comentou que hoje esse dinheiro faz “um pouco de falta!”.
Eike Batista revela ter sido cercado por executivos desonestos
Confira a entrevista em que Eike Batista revela ter confiado em pessoas erradas, diz como foi enganado por executivos desonestos e desabafa sobre a falta da família na gestão dos negócios. Ele afirma ter gasto mais de US$ 1 bilhão (quase R$ 5,7 bilhões) em remuneração com esses profissionais:
Prisão, colaboração e tentativa de reconstrução
Em janeiro de 2017, Eike foi preso ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, no Rio. Tornou-se foragido após a Justiça emitir mandado no contexto da Lava Jato. Foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, mas solto após três meses.
Em liberdade, firmou acordo de delação premiada com o Supremo Tribunal Federal (STF). Passou a dizer que aprendeu com os erros e que queria contribuir com o país.
Disputa bilionária entre Eike Batista e André Esteves se intensifica
Neste mês de março, a relação entre Eike Batista e André Esteves, antes próxima no mundo dos negócios, virou um embate judicial bilionário. As disputas envolvem acusações de fraude, manipulação de mercado e o cancelamento de um acordo com o BTG Pactual. O banco notificou Eike sobre a anulação das debêntures “IronX”, avaliadas em R$ 612 milhões e ligadas ao espólio da MMX. O caso está no STF, no processo de pagamento aos credores da falência da mineradora.
A tensão aumentou após Eike Batista afirmar que foi vítima de um golpe. Um documento revelado pela imprensa mostra que ele teria assinado, virtualmente, a transferência dos ativos a ex-sócios em 17 de janeiro de 2025. Eike nega a assinatura e alega que imagens de segurança indicam que seu advogado estava em seu escritório no momento, o que levantaria suspeitas sobre a autenticidade do documento.
O que resta após Eike Batista perder a fortuna
Em 2025, Eike lançou um token digital vinculado à “Supercana”, uma cana-de-açúcar com alta produtividade. O projeto chamou atenção da CVM, que passou a analisar sua legalidade.
Desde 2022, ele também realiza mentorias exclusivas e chega a faturar R$ 1 milhão em apenas três dias.
Sua história virou filme: “Eike: Tudo ou Nada”, estrelado por Nelson Freitas e baseado no livro de Malu Gaspar, mostra os bastidores da sua trajetória.
Hoje, aos 68 anos, ele afirma que não quer mais ser bilionário. Seu foco estaria em projetos com impacto social e sustentabilidade. A trajetória de Eike Batista, que perdeu a fortuna, é uma das mais marcantes da história recente do Brasil — e continua despertando interesse, polêmica e reflexão.
Eike Batista é casado com a advogada Flávia Sampaio e pai de quatro filhos: Thor e Olin (com Luma de Oliveira) e Balder e Tyra (com Flávia).