A Sondagem da construção da Fundação Getúlio Vargas, junto ao Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), indicador mensal divulgado nesta terça-feira (28/10) apontou perda de fôlego no setor da construção. O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 0,7 ponto, para 91,6 pontos, revertendo a alta registrada em setembro. O resultado mostra que as empresas voltaram a adotar uma postura mais cautelosa diante do enfraquecimento das expectativas para o início de 2026.
Condições atuais e expectativas
De acordo com a sondagem da construção da FGV, a queda da confiança foi provocada unicamente pela piora das expectativas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) ficou estável em 91,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-CST) caiu 1,4 ponto, para 91,5.
Entre os componentes, o indicador de demanda prevista recuou 0,9 ponto (93,1), e a tendência dos negócios nos próximos seis meses caiu 1,8 ponto (89,9). A leitura aponta que o setor começa a enxergar um enfraquecimento gradual da atividade, mesmo após meses de desempenho firme.
Principais destaques:
- A piora veio exclusivamente das projeções futuras, não das condições correntes.
- O ICST retornou ao nível de agosto, anulando o avanço recente.
- Frente a outubro de 2024, o índice acumula queda de 5,8 pontos, o maior recuo em doze meses.
Atividade e mercado de trabalho
Apesar da retração da confiança, o nível de utilização da capacidade (NUCI) avançou para 80,0%, alta de 1,2 ponto percentual. O uso da mão de obra subiu para 81,7%, e o de máquinas e equipamentos atingiu 74,2%. Segundo a sondagem da construção divulgada pela FGV, essa combinação — confiança em baixa e atividade ainda forte — reflete um mercado de trabalho que segue sustentado por obras contratadas anteriormente.
A coordenadora de projetos da FGV IBRE, Ana Maria Castelo, observou que “a sondagem de outubro não captou qualquer mudança positiva na percepção das empresas”. Ela acrescentou que o índice “retornou ao patamar de agosto, puxado pelas expectativas que não sustentaram o crescimento do mês anterior”.
Fatores limitativos e custos crescentes
O levantamento mostra que as empresas da construção continuam enfrentando escassez de mão de obra qualificada, mesmo com a desaceleração da atividade. O problema se combina com o avanço dos custos operacionais e a dificuldade de acesso ao crédito, criando um ambiente menos favorável à expansão.
Ana Maria Castelo destacou ainda que, embora o governo tenha anunciado medidas de estímulo em outubro, “o efeito delas não será percebido em 2025”.
Principais entraves apontados:
- Escassez de trabalhadores qualificados, especialmente técnicos de obra.
- Dificuldade crescente de crédito, em função da política monetária ainda restritiva.
- Pressão de custos salariais e de insumos, que reduz margens das empresas.
Panorama da sondagem da construção e próximos passos do setor
A sondagem da construção da FGV ouviu 735 empresas do setor entre 1º e 24 de outubro. Em relação ao mesmo mês de 2024, o ICST recuou 5,8 pontos, o ISA caiu 4,6 pontos e o IE perdeu 7,1 pontos. O conjunto dos dados mostra desaceleração persistente, ainda que com manutenção da atividade corrente. A próxima divulgação ocorrerá em 25 de novembro de 2025.
Sondagem da construção: Perspectivas para o novo ciclo
A Sondagem da construção da FGV Ibre sinaliza que o setor entra no último trimestre de 2025 em compasso de espera. O nível elevado de utilização da capacidade produtiva deve sustentar o emprego, mas o pessimismo nas expectativas indica que a retomada em 2026 dependerá de novos estímulos à demanda habitacional e ao crédito imobiliário.
Com gargalos estruturais — como a falta de profissionais e o aumento dos custos — o indicador da construção pode fechar o ano abaixo das previsões iniciais. Mesmo com a queda gradual dos juros, o ambiente seguirá desafiador, exigindo ajustes de produtividade e políticas que incentivem novos investimentos no setor.









