A Sondagem de Serviços da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), divulgada nesta quinta-feira (30/10), revelou estabilidade na confiança do setor de serviços em outubro, após a alta registrada no mês anterior. Já o Índice de Confiança de Serviços (ICS) manteve-se em 88,9 pontos, com leve variação negativa de 0,1 ponto, refletindo a combinação de melhora nas expectativas e piora nas condições atuais. Trata-se do menor nível trimestral desde junho de 2021, quando o indicador havia atingido 87 pontos.
Segundo a FGV, o comportamento estável do índice decorre de forças opostas: o Índice de Situação Atual (ISA-S) recuou 1,0 ponto, para 92,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-S) avançou 0,8 ponto, alcançando 85,0 pontos. Além disso, a FGV observa que o cenário ainda é de patamar baixo de confiança, reforçando a percepção de desaceleração da atividade do setor.
Como funciona a pontuação da sondagem de serviços da FGV
A metodologia da sondagem de serviços da FGV atribui média de 100 pontos como referência neutra, com desvio padrão de 10 pontos.
- Leituras acima de 100 indicam otimismo ou melhora da confiança.
- Valores abaixo de 100 revelam pessimismo ou atividade abaixo da média histórica.
Assim, o nível atual de 88,9 pontos posiciona o setor de serviços claramente em território desfavorável, evidenciando a fragilidade estrutural da recuperação.
Condições atuais pressionam o setor
Na avaliação do economista Stéfano Pacini, do FGV IBRE, “setores importantes como Alojamento e Alimentação, Informação e Comunicação e Profissionais encabeçam piores avaliações sobre a demanda presente”.
Principais dados do mês, segundo a sondagem de serviços da FGV:
- Demanda atual: 92,8 pontos (-0,3).
- Situação dos negócios: 93,0 pontos (-1,6).
- Demanda prevista (3 meses): 85,1 pontos (+3,7).
- Tendência dos negócios (6 meses): 85,1 pontos (-2,1).
Esses resultados indicam um ambiente ainda fraco, com empresas relatando dificuldade para retomar o ritmo de expansão observado no início do ano. Em sua sondagem de serviços, a FGV aponta que o Indicador de Desconforto, formado por fatores como demanda insuficiente, taxa de juros elevada e problemas financeiros, segue em trajetória de alta. O índice reflete o ambiente macroeconômico adverso, agravado pela política monetária restritiva. Trata-se de um valor que tem limitado o acesso ao crédito e a expansão da oferta de serviços.
Expectativas mostram leve recuperação
Apesar das condições atuais desfavoráveis, a sondagem indica leve melhora nas expectativas para o curto prazo. O componente que mede a demanda prevista para os próximos três meses subiu 3,7 pontos, chegando a 85,1 pontos, enquanto o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses caiu 2,1 pontos, também para 85,1 pontos.
Para Pacini, “no horizonte de tempo maior, nota-se maior pessimismo das empresas, reflexo das dificuldades financeiras e da política monetária contracionista que deve contribuir para a contenção da atividade por algum tempo”.
A sondagem de serviços da FGV coletou informações de 1.340 empresas entre 1º e 28 de outubro, revelando que, mesmo diante de pequenas oscilações positivas em alguns segmentos, o sentimento empresarial permanece enfraquecido e distante de um ciclo de retomada consistente.
Sondage de Serviços da FGV e perspectiva futura para o setor
A leitura da Sondagem de Serviços de outubro feita pela FGV indica que a confiança das empresas de serviços deve permanecer contida até o fim do ano, com sinais limitados de reação. Além disso, o avanço pontual das expectativas sugere um ajuste técnico após meses de retração, mas o ambiente financeiro ainda restringe novos investimentos. Já a manutenção dos juros em patamar elevado tende a frear a recuperação do setor. Inclusive em segmentos mais dependentes do consumo doméstico e da oferta de crédito.
Enfim, o cenário projetado pela FGV reforça que o setor de serviços seguirá enfrentando pressões sobre custos e margens, prolongando o ciclo de estagnação.










