O setor de planos de saúde fechou o primeiro semestre de 2023 com um lucro de R$ 1,45 bilhão, conforme apontam os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Essa marca representa um progresso considerável em comparação com o mesmo período de 2022, quando o setor reportou um prejuízo de R$ 691,6 milhões.
No entanto, ao analisar detalhadamente os números, descobre-se que o resultado operacional ainda apresenta um déficit de R$ 4,3 bilhões. Este foi equilibrado pelo ganho financeiro recorde de R$ 5,9 bilhões, majoritariamente devido à remuneração de aplicações financeiras que, no final do semestre, somavam cerca de R$ 105,7 bilhões.
Embora o cenário financeiro pareça promissor, a ANS alerta para a necessidade de uma base mais sólida. “É essencial que as empresas não dependam apenas dos resultados financeiros. O segmento precisa gerar riqueza de forma sustentável“, diz a agência.
Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), ressalta que o setor ainda enfrenta desafios. A projeção é que o resultado operacional termine o ano entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões de prejuízo.
A situação foi particularmente desafiadora para empresas como Amil e Unimed-Rio, que reportaram prejuízos de R$ 866 milhões e R$ 839 milhões, respectivamente, neste semestre.
A ANS também revelou uma queda de 10% na receita por beneficiário em comparação ao primeiro trimestre de 2019. Isso sugere uma possível alta sinistralidade, não necessariamente devido ao uso aumentado pelos clientes, mas sim a uma falta de ajuste de receitas por parte das empresas.
Em resposta a esses desafios, houve a introdução de planos mais econômicos com características distintas, como cobertura mais limitada e redes de atendimento reduzidas. Conforme publicado pelo O Globo, Novais aponta que a sinistralidade desses novos planos surpreendeu o setor, fechando o semestre em 87,9. Isso significa que, de cada R$ 100 de mensalidade, R$ 87,90 foram usados em assistência.