A Coteminas anunciou a entrada em recuperação judicial, medida aprovada judicialmente na última terça-feira (7). A decisão surge como resposta a ações judiciais e tentativas de execuções contra o grupo, que inclui marcas como Santista e Artexz, e pretende suspender temporariamente todas as execuções para possibilitar uma renegociação de dívidas.
O grupo não especificou o total das dívidas em seu comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas indicou que o processo judicial envolve a renegociação de debêntures emitidas pela sua subsidiária Ammo Varejo em maio de 2022. A situação se agravou quando um fundo de investimentos tentou garantir a transferência total das ações da Ammo por um valor considerado irrisório pela Coteminas.
Segundo o presidente da Coteminas, Josué Gomes, também líder da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiesp), a empresa enfrenta crises financeiras desde o término da pandemia, influenciados por uma combinação de fatores adversos. A recuperação judicial foi descrita como uma estratégia essencial para a continuidade das operações e proteção dos ativos essenciais da empresa e suas controladas.
O acordo com a gigante de moda Shein, que envolveu um empréstimo de US$ 20 milhões, destacou-se no cenário empresarial brasileiro no ano passado, mas não foi suficiente para evitar a crise financeira. Além disso, o grupo tem enfrentado protestos e questões legais em estados como Minas Gerais, Paraíba e Santa Catarina, onde mantém fábricas, e relatos de atrasos salariais e outras obrigações trabalhistas têm emergido.
As dificuldades financeiras são evidenciadas pelos balanços atrasados, com o último disponível sendo do primeiro trimestre de 2023, onde a receita já apresentava uma queda expressiva na comparação anual. A dívida líquida era de R$ 672,5 milhões no fim desse trimestre, um aumento de R$ 82 milhões em relação ao período anterior.
Com a aprovação do pedido de recuperação judicial, a Coteminas espera poder reestruturar suas finanças e as de suas empresas associadas. O diálogo com mais de 15 bancos credores já está em andamento, envolvendo grandes instituições como Banco do Brasil, Bradesco e BTG Pactual, além de bancos menores.
A Coteminas pretende usar este período para fortalecer sua posição no mercado, reavaliar seus passivos e buscar soluções sustentáveis para sua situação econômica, enquanto continua a colaborar com parceiros estratégicos como a Shein, reafirmando seu compromisso com a produção de vestuário no Brasil.