A fraude na Americanas levou o Ministério Público Federal (MPF) a denunciar 13 ex-executivos e ex-funcionários da companhia. A denúncia foi apresentada nesta segunda-feira (31/03), após a Operação Disclosure Americanas, conduzida pela Polícia Federal. Entre os crimes apontados estão: organização criminosa, falsidade ideológica, manipulação de mercado e uso de informações privilegiadas.
Quem são os denunciados pela fraude na Americanas
Conforme publicado pelo G1, os denunciados incluem Miguel Gutierrez (ex-CEO), Anna Saicali (ex-CEO da B2W), Thimoteo Barros, Marcio Cruz, Carlos Padilha, João Guerra, Murilo Corrêa, Maria Christina Nascimento, Fabien Picavet, Raoni Fabiano, Luiz Augusto Saraiva Henriques, Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira e Anna Christina da Silva Sotero.
Todos foram acusados de participar da fraude contábil na Americanas, que impactou diretamente os balanços da empresa. Além disso, nove deles também foram denunciados por uso de informação privilegiada.
Confira no vídeo: o Ministério Público Federal solicitou à Justiça do Rio de Janeiro a extradição de Miguel Gutierrez, ex-CEO das Americanas, que estava na Espanha:
Rombo bilionário e desvalorização das ações
O escândalo veio à tona em 11 de janeiro de 2023, quando a companhia revelou “inconsistências contábeis” de quase R$ 20 bilhões. No dia seguinte, as ações da Americanas sofreram queda superior a 80%.
Sergio Rial, que ocupou a presidência por apenas nove dias, afirmou que a distorção nos números vinha sendo acumulada ao longo dos anos. Nesse contexto, o rombo bilionário com a fraude na Americanas tornou-se um dos maiores casos corporativos da década. A CVM iniciou investigação da Americanas, intensificando o acompanhamento do caso junto ao MPF.
Recuperação judicial e plano de reestruturação
Em 19 de janeiro de 2023, a Americanas protocolou o pedido de recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A primeira proposta foi apresentada em março. No entanto, ela só foi aprovada em 19 de dezembro de 2023. Ao todo, 91,14% dos credores aprovaram o plano, que representa 97,19% da dívida total.
A proposta incluiu um aporte de R$ 12 bilhões dos acionistas Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles. A negociação com credores foi essencial para garantir a continuidade do negócio após descoberta a fraude na Americanas.
Resultados do 4T24 e impacto financeiro com a fraude na Americanas
Os números do 4T24 mostraram os efeitos da fraude na Americanas. A empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 586 milhões. Em contrapartida, no mesmo período de 2023, havia registrado um lucro de R$ 2,56 bilhões.
Consequentemente, o balanço financeiro da Americanas em 2023 e 2024 demonstrou o impacto direto da crise. O prejuízo refletiu os custos com reestruturação, queda nas vendas e perda de confiança de investidores.
Governança corporativa e auditoria independente
Diante do escândalo, a empresa buscou recuperar credibilidade com medidas internas. Uma auditoria independente na Americanas foi contratada para revisar práticas contábeis e corrigir falhas. Além disso, ajustes de gestão foram feitos para fortalecer a governança corporativa na companhia.
Efeitos no setor varejista e perspectivas após a fraude na Americanas
O impacto da fraude da Americanas no varejo gerou alertas em empresas de capital aberto sobre transparência e controle interno. Muitos empresários passaram a rever seus processos internos para evitar situações semelhantes.