O Governo Federal, liderado pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem defendido uma estratégia energética que visa substituir as usinas térmicas a diesel nos sistemas isolados da Amazônia por pequenos reatores nucleares (SMRs).
“Temos reservas em urânio no Brasil que valem mais que a Petrobras; isso em reservas já apuradas”, afirmou o ministro durante evento no Rio de Janeiro.
Plano energético em andamento
No ano passado, foi lançado o programa “Energias da Amazônia” com o objetivo de reduzir em 70% o uso do óleo diesel nos sistemas isolados da Amazônia até 2030. Este programa inclui não apenas a substituição do combustível fóssil mas também obras para conectar comunidades isoladas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“Num país com dimensão territorial como o Brasil, não dá pra continuar levando óleo diesel de barco por até 900 quilômetros para os sistemas isolados”, disse.
Energia nuclear na Amazônia: impasse entre o uso interno e a exportação
O Brasil, que detém a sexta maior reserva mundial de urânio, está considerando uma exportação em larga escala deste mineral. Silveira sugere que os recursos obtidos sejam utilizados para financiar os minirreatores nucleares e outras necessidades do sistema elétrico brasileiro.
Financiamento da transição energética
Para financiar essa transição energética, o ministro propõe maximizar a produção de petróleo nacional. No entanto, ele tem sido cauteloso ao discutir o impacto dos combustíveis fósseis nas mudanças climáticas, adotando uma postura mais alinhada com as evidências científicas em discussões recentes.
A troca de térmicas a diesel por minirreatores envolve sérios desafios, incluindo o manejo do lixo nuclear. Apesar disso, Silveira acredita que essa mudança poderia reduzir a pegada de carbono dos sistemas isolados. Cerca de 3 milhões de pessoas poderiam se beneficiar desses sistemas, especialmente em locais como a ilha de Fernando de Noronha e algumas áreas de Mato Grosso.
Opiniões divididas
Especialistas estão divididos quanto à viabilidade desta proposta. José Marangon, professor de engenharia e conselheiro do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel), destaca os altos custos e desafios técnicos, enquanto Celso Cunha, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, argumenta que microrreatores podem ser mais econômicos a longo prazo, especialmente em áreas remotas.