O aplicativo Rappi está realizando testes para a entrega de comida em até dez minutos. O objetivo, segundo Felipe Criniti, CEO da empresa no Brasil, é disponibilizar esse serviço ainda no primeiro semestre. A iniciativa visa competir mais diretamente com o iFood, que atualmente domina mais de 80% do mercado de entregas de refeições, conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
O modelo de entrega rápida já é explorado pelo Rappi no segmento de lojas de conveniência com o produto Rappi Turbo, que também promete tempos de entrega reduzidos graças às dark stores, estruturas exclusivas da empresa. A adaptação desse modelo para restaurantes é vista como uma estratégia para recuperar a presença no mercado.
O iFood oferece um serviço semelhante em parceria com marcas como Daki e Oxxo, garantindo entregas em até 15 minutos em várias cidades do país. Em contrapartida, a Rappi busca diferenciar-se pelo tempo ainda mais ágil.
Felipe Criniti explica que a logística envolvida na entrega rápida de comida se baseia em antecipar a demanda, similar à estratégia usada pela Amazon. “Com auxílio de tecnologia, conseguimos que o entregador vá ao restaurante ainda antes de o cliente pedir”, detalha o CEO, referindo-se ao uso de algoritmos preditivos que ajudam na eficiência do serviço.
Inicialmente, o serviço estará disponível apenas em São Paulo, com um foco em restaurantes que possuem um tempo de preparo inferior a três minutos. Essa seleção visa garantir a promessa de entrega dentro do prazo estipulado.
A Rappi também está recuperando a colaboração de grandes cadeias de restaurantes após uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2021, que proibiu o iFood de firmar contratos de exclusividade com redes que possuam mais de 30 estabelecimentos.
Essa mudança regulatória abriu novas oportunidades para a Rappi, que tem acusado o iFood de não cumprir integralmente a medida. “Buscamos esses restaurantes e os estamos recuperando um a um”, afirma Criniti sobre o processo de reintegração dessas redes ao catálogo do Rappi, que hoje estima o tempo de entrega em cerca de 20 minutos.
Adicionalmente, a Rappi planeja expandir seu serviço Turbo, originalmente focado em supermercados, para incluir restaurantes. Esse movimento visa aumentar a parcela de receitas provenientes de entregas ultrarrápidas de 35% para 50% da operação no Brasil.
Felipe Criniti, que lidera a Rappi no Brasil desde junho de 2023, após a aquisição de sua empresa de logística, a Box Delivery, destaca a importância de adaptar as operações para sustentar a lucratividade. “Até setembro deste ano queremos ter 100% das lojas rentáveis para provar que, mesmo sendo uma dark store a gente consegue ser rentável”, afirma o executivo.
A implementação do serviço em larga escala suscita questões sobre a segurança dos entregadores, uma preocupação que a Rappi afirma estar endereçando. “Para que haja deslocamento seguro dos entregadores independentes, a cobertura das lojas Turbo contempla um raio de, em média, dois quilômetros de cada unidade, dependendo das condições de trânsito de cada região”, explica Rodrigo Vasconcelos, head da divisão Turbo do Rappi no Brasil.
