Na última sexta-feira (26), a Assembleia Geral de Acionistas do Banco do Brasil tomou uma decisão importante: rejeitou um aumento proposto de 56,7% para a presidente do banco, Tarciana Medeiros, e outros membros da diretoria. Em vez disso, aprovou um modesto reajuste de 4,62%. Isso significa que a remuneração mensal fixa da presidente passará de R$ 74.972 para R$ 78.436. Contudo, somando os bônus e as participações em conselhos, como Brasilprev, Fundação BB e Banco do Brasil, a remuneração anual pode chegar a aproximadamente R$ 3,3 milhões.
Embora essa quantia pareça alta e supere a média salarial do país, está abaixo do que outros CEOs de bancos recebem. De acordo com um levantamento, baseado em dados fornecidos pelas empresas listadas em Bolsa, a remuneração de Tarciana Medeiros é apenas 5,6% do salário do CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho. Em 2022, ele recebeu um total de 59,188 milhões de reais.
Veja a remuneração de outros CEOs de bancos
Itaú Unibanco
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- CEO em 2022: Milton Maluhy Filho
- Remuneração total em 2022: R$ 59,188 milhões
- Tarciana Medeiros ganha: 5,6% do salário de Maluhy Maluhy
Bradesco:
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- CEO em 2022: Octavio de Lazari Jr.
- Remuneração em 2022: R$ 31,41 milhões
- Tarciana Medeiros ganha: 10,5% do salário de Octavio Lazari
Santander:
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- CEO em 2022: Mário Roberto Opice Leão
- Remuneração em 2022: R$ 21,1 milhões
- Tarciana Medeiros ganha: 15,6% do salário de Mario Roberto
Mas por que essa disparidade?
Guilherme Filgueiras, gerente de negócios da Randstad Brasil, e Humberto Wahraftig, sócio da Page Executive, explicam que a remuneração de executivos em bancos é composta por uma parcela fixa e outra variável. A parte fixa leva em conta a experiência e as responsabilidades do cargo, enquanto a variável está sujeita a uma série de fatores. Entre eles, está o desempenho individual do CEO e do banco, metas financeiras e não financeiras, além das flutuações do mercado.
Humberto Wahraftig destaca que a remuneração variável, tanto de curto quanto de longo prazo, é vista como uma forma estratégica de alinhar os interesses do CEO com os objetivos dos acionistas e o desempenho do banco. Por sua vez, Guilherme Filgueiras observa que os bancos privados costumam ser mais agressivos nas políticas de remuneração, oferecendo compensações variáveis mais atrativas para atrair e reter talentos no mercado executivo.
Por fim, procurado para comentar sobre as discrepâncias salariais, o Itaú Unibanco informou que não divulga remunerações individuais. Já o Bradesco e o Santander não se posicionaram.