A Argentina introduziu oficialmente, nesta terça-feira (7), uma nova nota de 10 mil pesos, a de maior valor até então, para enfrentar os efeitos econômicos causados pela inflação. Esta nota traz as figuras históricas de Manuel Belgrano, líder da Revolução de Maio, e María Remedios del Valle, conhecida como a “mãe da pátria” por sua participação na independência argentina.
Belgrano é amplamente reconhecido na história argentina e já empresta seu nome a várias vias públicas. María Remedios del Valle, no entanto, é uma figura que, apesar de sua importância, recebeu reconhecimento tardio. Nascida em 1766 e falecida em 1847, ela lutou lado a lado com os soldados e cuidou dos feridos nas guerras de independência.
A cédula de 10 mil pesos foi impressa na China pela Banknote Printing and Minting Corporation (CBPM), a pedido do Banco Central da Argentina (BCRA). O primeiro lote, com 770 milhões de notas, já está sendo distribuído progressivamente nos bancos e caixas eletrônicos. A nova nota vale cinco vezes mais que a cédula anterior de 2 mil pesos, lançada em maio de 2023.
Esta nova cédula tem como objetivo facilitar transações diante de uma inflação que, em março, atingiu 279% ao ano. Isso desvalorizou o peso, levando os cidadãos a precisarem de uma maior quantidade de notas para transações cotidianas. Com um valor equivalente a cerca de R$ 57 (ou US$ 11,35), a nova cédula deve atender à crescente demanda de dinheiro em circulação.
Mãe da pátria
Mais notas previstas
Além da cédula de 10 mil pesos, uma nota de 20 mil pesos está programada para entrar em circulação no último trimestre de 2024. Esta nova cédula terá a imagem de Juan Bautista Alberdi, considerado o autor intelectual da Constituição argentina
A emissão de cédulas de valores elevados na Argentina não é novidade. O governo anterior, liderado por Alberto Fernández, dobrou o valor da nota de 1.000 pesos para 2.000 pesos. Nos anos 1980, o país chegou a emitir uma nota de 1 milhão de pesos durante o regime militar, também em um período de hiperinflação. Atualmente, a crise econômica argentina combina inflação alta, restrição ao crédito e um índice de pobreza que atinge 42% da população, segundo dados oficiais.
