O G10 Bank, uma instituição financeira fundada na favela de Paraisópolis, em São Paulo, anunciou a abertura de agências físicas em quatro estados brasileiros. Este movimento vem na sequência da inauguração da primeira agência na comunidade de origem. Especializado em contas digitais e empréstimos, o banco visa atender principalmente os empreendedores de favelas.
O CEO do G10, Gilson Rodrigues, explicou que o objetivo do banco é apoiar o desenvolvimento econômico das comunidades, oferecendo crédito com menos burocracia. Ele comparou a missão do G10 à do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas focada nas necessidades específicas das favelas. A instituição destaca sua capacidade de adaptar-se às condições menos formais de vida das comunidades, facilitando o acesso ao crédito para quem muitas vezes é excluído pelo sistema bancário tradicional.
A metodologia de avaliação de crédito do banco considera vários critérios, incluindo a relação do solicitante com a comunidade e a estabilidade financeira. Esta abordagem foi desenvolvida com o apoio do Banco Central, segundo Rodrigues.
Uma pesquisa da NÓS Pesquisas destacou que 32% dos moradores de favelas com conta bancária enfrentam longos tempos de espera para aprovação de crédito, enquanto 29% têm dificuldades de acesso devido ao histórico financeiro. A mesma pesquisa revelou que 77% desses residentes já negociaram dívidas para limpar o nome.
Além dos empréstimos, o G10 oferece consórcios e contas digitais, adaptando-se aos desejos e necessidades dos moradores. Rodrigues citou que a casa própria é um objetivo para 34% dos entrevistados, enquanto 33% se preocupam com a aposentadoria e 24% não possuem uma fonte de renda estável.
Atualmente, o G10 Bank serve cerca de 5 mil clientes e tem planos de alcançar 20 mil até o fim do semestre, tendo já fornecido R$ 1 milhão em crédito para 200 empreendedores. A estratégia de abrir agências físicas reflete o compromisso do banco com a inclusão financeira, reconhecendo a importância do atendimento presencial para uma população menos familiarizada com o digital.
As comunidades selecionadas para receber as novas agências incluem Heliópolis e Sol Nascente, duas das maiores favelas do Brasil, além de Aglomerado da Serra e Casa Amarela. Estes locais foram escolhidos pela sua conexão com o G10 e pela presença de lideranças comunitárias ativas.
Um dos empreendimentos beneficiados pelo G10 é o Costurando Sonhos, que capacita mulheres como costureiras. Sua fundadora, Suéli Feio, compartilhou como o banco facilitou a expansão do negócio ao oferecer um empréstimo inicial de R$ 15 mil, superando barreiras que teriam impedido o acesso a crédito através de bancos tradicionais. A proximidade do G10 com a comunidade e seu entendimento das realidades locais foram cruciais para o sucesso dessas parcerias.