Os Estados Unidos impuseram as sanções ao TikTok, administrado pela chinesa ByteDance, em uma medida que reflete o acirramento das tensões tecnológicas e geopolíticas com a China. Esta ação vem na esteira de preocupações com a segurança nacional, especialmente por conta da crescente influência do aplicativo entre os usuários americanos.
Estratégia americana contra o crescimento chinês
As sanções ao TikTok fazem parte de uma estratégia mais ampla dos EUA para conter o avanço tecnológico da China, que tem se mostrado um grande competidor na arena global. “O TikTok conseguiu romper a barreira linguística e é um sucesso. O seu sistema algorítmico consegue detectar padrões de comportamento e tem enorme sucesso na modulação da atenção dos usuários. É o mais bem-sucedido sistema algorítmico de atração das atenções, ele sabe o que interessa a cada usuário, vai colocando vídeos que despertam a curiosidade e o interesse desses usuários, que se mantêm na plataforma“, disse o professor Sergio Amadeu, sociólogo e doutor em ciência política, especialista em redes digitais, em entrevista para Agência Brasil.
Detalhes das restrições
As novas restrições exigem que a ByteDance venda sua participação no TikTok a uma entidade não chinesa para evitar que a plataforma seja bloqueada nos Estados Unidos. Isso deve ocorrer dentro de um prazo de 270 dias, com a possibilidade de extensão por mais um ano. Se isso não ocorrer, o acesso à rede social será bloqueado no país, além de ficar indisponível para ser baixada ou atualizada em lojas de aplicativos.
Implicações globais
O movimento dos EUA é visto por muitos como um indicativo da crescente guerra fria tecnológica com a China, que tem se intensificado nos últimos anos. Outras potências ocidentais podem seguir o exemplo americano, aumentando as pressões sobre empresas tecnológicas chinesas semelhantes à ação prévia contra a Huawei. “Essa decisão deles [EUA] é cínica e, claro, prepara um recrudescimento das relações entre Estados Unidos e China” disse o professor.
Futuro incerto do TikTok nos EUA
A decisão enfrentará contestações legais, especialmente com base nos princípios de liberdade de expressão, um valor fortemente defendido nos EUA. O futuro do TikTok e de outras tecnologias chinesas em solo americano e globalmente permanece incerto, com potenciais repercussões em múltiplos sectores da economia e da diplomacia internacional. “O ameaçado banimento reduziria, sem justificativa razoável, as opções para as pessoas se expressarem online, lembrando que hoje muita gente faz do TikTok a principal plataforma de negócios” disse à Agência Brasil o especialista Paulo Rená, professor e doutorando em Direito, Inovação e Tecnologia e integrante do coletivo AqualtuneLab.