A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que, a partir de setembro, a bandeira tarifária será vermelha patamar 2, impactando diretamente nas contas de luz dos brasileiros. Essa mudança representa um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Esta é a primeira vez que essa bandeira é acionada desde agosto de 2021. Isso marca uma interrupção na sequência de bandeiras verdes que vinha sendo mantida desde abril de 2022.
Bandeira vermelha na conta de luz: motivos por trás da decisão
A principal razão para o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 é a previsão de chuvas abaixo da média para o mês de setembro. Isso deve resultar em uma afluência nos reservatórios das hidrelétricas cerca de 50% abaixo da média histórica. Este cenário de escassez hídrica está combinado com temperaturas acima da média em todo o país. Isso força a operação das termelétricas, cuja energia é mais cara que a das hidrelétricas.
Impactos econômicos e na geração de energia
A piora nas condições de geração de energia já vinha sendo monitorada desde junho. Nesse mês, foi observada uma redução na disponibilidade das hidrelétricas nos horários de pico, especialmente próximo às 18h. Em resposta, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou que as termelétricas ficassem em prontidão. Trata-se de uma antecipação na necessidade de uma operação mais intensa em setembro.
Curiosamente, os economistas foram pegos de surpresa com o anúncio da Aneel. De acordo com eles, a expectativa inicial era de uma bandeira amarela para setembro. O impacto dessa mudança nas tarifas de energia pode variar entre 0,32 e 0,52 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro. Isso depende da projeção anterior de cada instituição financeira.
Sistema de bandeiras tarifárias
O sistema de bandeiras tarifárias foi mplementado pela Aneel em 2015. Ele foi criado para refletir os custos variáveis de produção de energia elétrica no Brasil. As bandeiras tarifárias indicam ao consumidor o custo adicional na conta de luz, incentivando o uso consciente de energia. As cores das bandeiras (verde, amarela e vermelha) indicam as condições de geração de energia. A bandeira vermelha a mais custosa.
Perspectivas para o final de 2024
A mudança para a bandeira vermelha patamar 2 em setembro elevou as projeções de inflação. Nesse sentido, alguns economistas já ajustaram suas previsões para o final do ano. A Terra Investimentos, por exemplo, prevê que o IPCA de setembro pode alcançar 0,84%, caso a bandeira amarela seja mantida até dezembro. Se, no entanto, a bandeira vermelha patamar 2 permanecer ativa até o fim do ano, a inflação pode ultrapassar o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, atingindo 4,87%.