O investimento em cacau tem ganhado força como estratégia de fortalecimento da agricultura familiar no Brasil. O projeto do Fundo Kawá pretende apoiar pequenos produtores da Bahia e do Pará, principais polos da produção de cacau na Bahia, promovendo práticas sustentáveis como os sistemas agroflorestais com cacau.
A meta é levantar R$ 1 bilhão até 2030 para financiar produtores rurais com crédito acessível, assistência técnica e soluções tecnológicas. O projeto foi apresentado durante o encontro da Fundação Mundial do Cacau, em São Paulo, e une Instituto Arapyaú, ONG Tabôa, MOV Investimentos e Violet.
Na primeira fase, 1.200 agricultores receberão R$ 30 milhões para o investimento em Cacau como única finalidade. O valor supera o recurso liberado pelo Pronaf em 2023 para o mesmo setor. A proposta amplia o acesso ao financiamento para agricultura familiar, com foco em produtores de baixa renda e baixa produtividade.
Crédito facilitado e inovação no campo atraem Investimento em cacau
O Kawá opera como um Fiagro — Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais — e adota o modelo blended finance, que mistura recursos públicos, privados e filantrópicos. Com isso, o investimento em cacau se torna viável e atrativo para investidores que buscam impacto social e ambiental.
O crédito oferecido é simples: o produtor tem até 45 dias para investir o valor recebido e 36 meses para pagar, com seis meses de carência. Os recursos podem ser usados em adubação, irrigação, compra de equipamentos, mão de obra e plantio de mudas. Também há incentivo ao uso de tecnologias para cultivo de cacau, o que aumenta a produtividade e a sustentabilidade.
Entre 2020 e 2023, o projeto CRA Sustentável, da Tabôa, concedeu mais de mil créditos. Foram impactadas 2.800 pessoas, com destaque para 271 agricultores (um terço mulheres), que registraram aumento de 60% na renda e 52% na produtividade. Esses dados revelam o impacto socioeconômico da produção de cacau no Brasil.
Projeto alia sustentabilidade, mercado e certificação
O nome Kawá vem de “kakawa”, como o cacau era chamado por civilizações pré-colombianas. O projeto também oferece aos produtores a possibilidade de participar do comércio de créditos de carbono, ampliando a renda a partir da preservação ambiental. Isso reforça a sustentabilidade na produção de cacau, um dos critérios cada vez mais valorizados no agronegócio.
Além disso, o fundo Kawá apoia a certificação de cacau sustentável, agregando valor ao produto. A parceria com a AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau) também pode facilitar a comercialização direta, fortalecendo o mercado de cacau no Brasil.
O projeto atua ainda no fortalecimento de cooperativas de produtores de cacau, facilitando o acesso a insumos, comercialização e troca de conhecimento. A assistência técnica será oferecida por instituições como o Ciapra, a Fundação Solidaridad e a Polímatas, que acompanham o processo de plantio à colheita.
Potencial de exportação e apoio às políticas públicas com Investimento em cacau
O avanço do investimento em cacau também abre portas para a exportação de cacau brasileiro, especialmente aquele cultivado com práticas sustentáveis. Isso melhora a imagem do produto no mercado externo e pode atrair novos aportes financeiros.
Para os investidores, o fundo Kawá representa uma oportunidade de alinhar retorno financeiro com impacto ambiental positivo. O projeto se conecta ainda com políticas públicas para agricultura familiar, oferecendo segurança jurídica e institucional para os aportes.
Ao enfrentar os desafios da cacauicultura no Brasil, como o baixo acesso a crédito e assistência, o fundo Kawá busca mostra que é possível transformar realidades no campo.